Entre Afonso da Maia e o seu neto Carlos, constrói-se o último laço
forte da velha família Maia. Formado em medicina na Universidade de
Coimbra e posteriormente educado numa longa viagem pela Europa, Carlos
da Maia regressa a Lisboa no Outono de 1875, para grande alegria do avô.
Nos catorze meses seguintes, nasce, cresce e morre a comédia e a
tragédia de Carlos como a tragédia e a comédia de Portugal. A vida
ociosa do médico aristocrata, invariavelmente acompanhado pelo seu par
amigo, o génio da escrita e de obras “inacabadas”, o manipulador João da
Ega, leva-o a ter amigos, a ter amantes e ao dolce fare niente, cheio
de convicções. Até que se apaixona de verdade por uma mulher tão bela
como uma madona e tão cheia de mistérios, como as heroínas da estética
naturalista. Um personagem novo num romance esteticamente
revolucionário. A vertigem: paixão louca para lá dos negrumes do
passado, um novo e mais negro precipício, o incesto. Mesmo sabendo que
Maria Eduarda é a irmã a paixão de Carlos não morre e vai ao limite. E
depois termina abruptamente porque o velho Afonso da Maia morre para
expiar o pecado terrível do seu neto, neto que era a razão da sua
existência. E então em vez da morte do herói, nova invenção de Eça.
Carlos e Ega partem para uma longa viagem de ócio e de pequenos
prazeres. Dez anos depois, voltam a encontrar-se em Lisboa tão diferente
e tão igual, a capital de um pais a caminho da bancarrota.
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